
A liturgia da Palavra deste domingo, o 21° do Tempo Comum, prosseguindo no capítulo 6° do Evangelho de São João, nos convida a olharmos e a examinarmos nossa caminhada enquanto seguidores de Jesus e nosso comprometimento com sua palavra e com seus ensinamentos.
Como é bom recordarmos que Deus, em sua infinita bondade e sabedoria, sempre respeita, garante e promove a liberdade de cada ser humano indistintamente. E esse Deus, que é Amor, assim procede desde a criação até os dias atuais. Essa postura pode ser percebida logo nos primeiros momentos da história do povo de Israel e, tal como nos é narrado hoje pelo livro de Josué, vê-se que o povo teve a oportunidade de escolher entre servir aos deuses da Mesopotâmia e dos amorreus ou adorar ao Senhor, que os libertou da escravidão no Egito. É evidente que o povo hebreu optou por permanecer fiel ao Senhor, entretanto é muito reconfortante e a agradável percebermos que nosso Deus não impõe sobre nós a obrigatoriedade de amá-lo ou de reconhecê-lo, mas aguarda ativa e pacientemente nossa livre e consciente resposta de amor, uma vez que Ele quer sempre estar no meio de nós, próximo, caminhando junto, e não acima de tudo, longe, alheio à nossa realidade. E para que isso de fato aconteça é necessário que haja sempre a liberdade, contudo o pecado e a dureza de coração são os maiores obstáculos para que ela realmente sobreviva.
No Evangelho, vemos que Jesus também dá a seus discípulos a liberdade para que eles escolham entre permanecer ou partir. Diante de seus ensinamentos, muitos ainda hoje podem acreditar que a palavra de Jesus é muito dura, mas na realidade o que de fato é duro e enrijecido: a Palavra de eterna do Pai ou o coração daqueles que não a compreendem nem a acolhem? Frente a tal questão, destaca-se a figura de Pedro que, ao ser questionado pelo Mestre se também o deixaria, sabiamente responde: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavra de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus” (Jo 6, 68-69). É a esse nível de fé que todos somos convidados a buscar, a alcançar. E para isso é preciso que constantemente examinemos nossa caminhada, nosso itinerário de discípulos do Senhor, e assim possamos reconhecer o que precisa ser deixado e o que precisa ser assumido e assimilado cada vez mais. Progredindo assim, sempre no amor do Senhor, seremos verdadeiros propagadores de sua Palavra, que é sempre viva e eficaz.
Convém ainda ressaltarmos que neste 4° domingo do mês de agosto a Igreja no Brasil celebra o dom da vocação laical, na qual de inúmeras mulheres e homens que, de modo extremamente comprometido e fiel, se doam ao serviço pastoral nas mais variadas comunidades espalhadas por todo o mundo. Roguemos a Deus para que todos os leigos e leigas já engajados continuem firmes no amor Cristo sendo exemplo para toda a Igreja de solicitude, despojamento e caridade, e para que cada vez mais outros irmãos e irmãs possam assumir tão bela missão.
Desse modo, lembrando sempre que Deus respeita nossa liberdade, peçamos a Ele que nos dê a graça de, assim como Pedro, reconhecer em Igreja, clero e leigos, que somente Cristo possui palavra de vida eterna, e que sem Ele nós nada podemos.
Henrique Oliveira Luiz de Paulo - I Ano da Etapa Configurativa (Teologia)
Arte: Romolo Picoli, Comunidade São Benedito, Campos Gerais - MG.
Comments