“Tudo está consumado.” E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. Jo 19,30
Quanto barulho houve naquele dia! Quanto barulho há hoje! Naquele dia, único na história da humanidade, Jesus, o Filho de Deus, entregou-se por amor. O velho Simeão já havia profetizado: “Este é destinado a ser causa de queda e de reerguimento de muitos em Israel, e a ser sinal de contradição” (Lc 2,34). Quanta contradição houve naquele dia! Quanta contradição há hoje! O Filho de Deus foi condenado a morrer numa cruz. Muitos homens e mulheres continuam morrendo injustamente.
Jerusalém estava cheia, era festa da Páscoa e, judeus fiéis, de todos os lugares ali estavam. Mas aquela não seria uma Páscoa como as demais... algo estava acontecendo de diferente. O Nazareno foi preso e condenado. Pela madrugada começou o barulho, que ao longo do dia foi aumentando, tomando força, espalhando... era o barulho por causa do jovem Jesus de Nazaré.
Todos queriam falar, havia muita gritaria! Os sacerdotes e mestres da lei, os soldados, o povo...todos gritavam. Gritos de condenação, de injurias, de zombaria...gritos daqueles que não permitiram ouvir a voz do silêncio. E Ele, Jesus, o Galileu, continuava silencioso... quase não falou. Silêncio penetrante que cortava todo aquele barulho.
E era três horas da tarde. Não havia mais lugar para tanto barulho, tanta agitação. E Jesus, o Filho do Homem, entregou seu espírito, no alto da cruz. Todo aquele barulho cessou. O grande silêncio tomou conta de toda a terra. Toda a criação se calou diante da maior prova de amor: Jesus, o Filho de Deus, doou sua vida por toda humanidade. Não restou nada, não guardou nada para si, Jesus entregou-se totalmente. Não houve palavras diante de tamanho mistério... apenas o silêncio. Silêncio esperançoso!
Hoje celebrando a Paixão e Morte de Jesus, fazemos memória de milhares, vítimas da pandemia do coronavírus. Quanto barulho nesse momento difícil que vivemos. São inúmeros os desafios, e por vezes bate-nos o desanimo. Há muito barulho lá fora, há muito barulho dentro de nós... medo, insegurança, perdas, angustia, solidão... um misto de sentimentos que causam muito barulho. Não há mais lugar para o barulho. É preciso silenciar! Diante da Cruz de Jesus, neste dia, entreguemos nossa vida. O barulho, a gritaria, a tormenta passará. É preciso fixar os olhos na Cruz de Jesus para vislumbrar a vida nova. Comtemplemos este grande mistério! É dia de silêncio... silêncio esperançoso!
Guilherme A. Portugal – 2º ano da Etapa Configurativa (Teologia)
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