
Queridos irmãos e irmãs, Deus é amor (1 Jo 4,8)! A afirmação do apóstolo João em sua carta é conhecida por todos nós. E até por isso banalizada, relativizada e esquecida. Tão simples, mas ao mesmo instante tão profunda que precisa ser insistentemente anunciada: Deus é amor! Mas em que consiste esse amor? Essa é a grande questão que a liturgia de hoje quer nos apresentar.
O tempo pascal abarca em si dois momentos, não distintos, mas complementares: nos primeiros domingos proclamamos exultantes a Ressurreição de Cristo e acompanhamos os relatos de suas aparições. A cada aparição Jesus vai reforçando a verdade da vida eterna no coração de seus seguidores, cada vez para um número maior. A partir do quarto domingo a dinâmica muda. Jesus vai preparando seus discípulos para sua ida definitiva para o Pai. Por isso é recorrente o uso do verbo permanecer, pois Cristo é o Bom Pastor que permanece junto as ovelhas e nos convida a permanecer em seu redil. Ele é a videira verdadeira e nós como ramos dessa videira temos que permanecer ligados a Ele, pois sem Ele nada podemos fazer. Desligados d’Ele seremos galhos sem vida, secos. Hoje Ele nos convida a permanecer em seu amor (Jo 15,9). Mas em que consiste esse amor?
Amor, talvez, seja uma das palavras mais usadas em nosso vocabulário. Muitos já tentaram conceituar o amor a partir de várias ideologias, mas nenhum respondeu tão bem quanto João: Deus é amor! Mas como ele se manifesta no meio de nós? Por meio da autodoação de Jesus Cristo. Nisto consiste o amor: em dar a própria vida. Parece óbvio e repetitivo, mas nossa prática está longe de alcançar esse amor. Nomeamos por amor comportamentos doentios, possessivos e violentos. Afirmamos que amamos sem ter a profunda dimensão do amor. Por isso Jesus convida seus discípulos a permanecerem em seu amor, ou seja, em constante atitude de doação. Não se trata de um afeto, de uma simpatia, de uma amizade. O amor de que fala Jesus é o amor-caridade, amor de Deus, o amor que é fruto da presença do Espírito Santo.
Jesus prepara os discípulos para sua partida e posterior envio do Espírito Santo. É no Espírito que a Igreja nascente testemunhou com vigor o amor de Deus. É somente no Espírito Santo que podemos, como Igreja, dar bons frutos na fé, guardando os mandamentos e amando-nos mutuamente. Façamos dessas próximas semanas uma boa preparação para o Pentecostes. Clamemos o Espírito Santo de Deus que renova todas as coisas, para nos renovar no amor a Deus.
Rafael Sebastião da Silva
IV ano da Etapa Configurativa
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