O desejo de se dedicar um dia em honra à Sagrada Família de Nazaré tem as suas origens no final do século XIX, em um período de crescente degradação dos valores familiares. Naquele contexto sociocultural crítico, a Igreja procurou valorizar a família como instituição propriamente cristã, fundada sobre o Evangelho.
Em 26 de Outubro de 1921, o Papa Bento XV instituiu um dia consagrado especificamente à Sagrada Família, celebrado no domingo seguinte à Epifania. Com a reforma do calendário litúrgico ocorrida após o Concílio Vaticano II, a festa da Sagrada Família transitou para o coração do Natal, no domingo seguinte ao dia 25 de dezembro. Essa mudança tem um valioso significado, uma vez que o Natal é uma festa intimamente ligada à vida familiar.
Nessa celebração, o Evangelho de Lucas nos mostra a Virgem Maria e São José em peregrinação ao templo, para apresentar seu primogênito e consagrá-lo a Deus. O evangelista apresenta uma família – a Sagrada Família – que vive atenta aos apelos de Deus e que se empenha em cumprir cuidadosamente os preceitos do Senhor.
Uma família que escuta a Palavra de Deus e que procura responder aos desafios postos por essa Palavra é uma família feliz, que através da fé encontra as indicações seguras para o caminho que deve percorrer, edificando-se assim sobre a rocha firme dos valores eternos. Ao contemplarmos a simplicidade da Sagrada Família de Jesus, Maria e José, percebemos que a comunidade familiar surge como revelação da ternura divina. No centro está uma criança, o Filho Unigênito do Pai, que se encarnou no seio de uma família humana.
Chamada a ser lugar de encontro com o amor e a misericórdia de Deus, a família merece da parte de todos a maior atenção e carinho. A família cristã não é apenas destinatária da missão da Igreja, mas também protagonista no anúncio da salvação, e deve testemunhar a esperança e a alegria que brotam do presépio.
Ainda hoje a instituição familiar vive uma crise cultural profunda, e a Igreja, com humildade e em diálogo franco e aberto com a sociedade, procura ousar caminhos novos para continuar a promover a dignidade do matrimônio e a importância dos laços familiares, realçando sempre a urgência do acolhimento e da ajuda mútua. A grave pandemia que toda a família humana atravessa nos colocou diante de inúmeros desafios, mas também nos revelou como a vivência familiar é um refúgio em meio à insegurança, às dúvidas e instabilidades.
Ao fim deste ano tão diferente, é preciso reconhecer que a família continua sendo o berço da vida. Que a lição de fé, amor e esperança da Sagrada Família de Nazaré ilumine os nossos lares!
Edson Cassiano Lopes
4º ano da Etapa Configurativa - Teologia
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