
A liturgia deste XIX Domingo do Tempo Comum leva-nos a refletir sobre temática do Pão, o alimento que vem do céu, o próprio Cristo Jesus, e também recordamos a vocação familiar neste segundo domingo do mês vocacional.
A vida cristã não está a parte da vida cósmica em seu ordenar para a sobrevivência, ao contrário, é também ordenação para o bem viver que não exclui os sentimentos de fracasso e desespero, como sentiu o profeta Elias ao se deparar com o desânimo e a fome no deserto (1Rs, 19, 4). “Levanta-te e come! Ainda tens um caminho longo a percorrer” (1Rs 19, 7). Deus está conosco, a nos saciar, alimentar, animar para continuar a nossa peregrinação, tanto é que Ele nos dá o Pão Vivo descido do Céu, Jesus, o Filho Unigênito. “Provai e vede quão suave é o Senhor e vede quão suave é o Senhor” (Sl 33, 9) que a todo momento provê o seu povo com bênçãos abundantes.
A narrativa do Evangelho apresenta o Verbo encarnado, Pão Vivo que dá a vida. Frente aos questionamentos dos fariseus, Jesus mostra que para ter a vida é preciso estar aberto e acolher o dom de Deus; (“Ora, todo aquele que escutou o Pai, e por ele foi instruído, vem a mim” Jo 6, 45) é gratuidade divina ao enviar o Filho para dar vida ao mundo. Deus dá o alimento, Cristo, aos que têm fome de vida, de justiça, de verdade e do Pão. Já há vários domingos a temática do pão acompanha nossa liturgia, o pão que saciou o povo no deserto, o pão multiplicado para cinco mil pessoas, o Pão da vida eterna para os que n’Ele creem.
A vocação familiar em que homens, mulheres, crianças, idosos participam é aquela em que no amor se permanece em comunhão, comunhão que é doação. Percorrendo o pão de cada dia que alimenta o corpo assim como o Pão Vivo, alimento do Espírito, famílias de diversas características enfrentam um mundo onde essa vocação é vista, por muitos, como uma prisão, acorrentados uns aos outros, proibidos de serem eles mesmos. Uma visão equívoca. A família é expressão da comunhão que permite a pessoa ser com o outro, e não o outro, viverem na liberdade e amor que os une. Rezemos por todas as famílias, por todos que precisam ser saciados com o alimento corporal e o espiritual, rezemos por nós, para não permanecermos apenas na intercessão, mas sim, na ação, levando o Pão que dá a Vida.
Hernane Júnior Silva Lopes – Seminarista do I Ano da Etapa Configurativa (Teologia)
Imagem: Elias alimentado por um Anjo – Ferdinand Bol
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