Como família congregada no amor de Deus, somos convidados a continuar nossa caminhada quaresmal, dando passos de conversão rumo à ressurreição de Jesus. O terceiro domingo da quaresma, e consequentemente toda esta semana que iniciamos, nos traz com maior atenção a proposta do cuidado para com a Casa de Deus. A palavra de Deus nos relata um episódio de comércio na casa do Pai em que Jesus vem repreender tais atitudes assegurando o verdadeiro valor que deve ser dado ao templo, valorizando o cuidado, o zelo, a dedicação para com as coisas sagradas.
Muito mais importante do que o templo de pedra, deve ser o templo que existe em nosso coração, a morada de Deus que se encontra no mais íntimo de cada um de nós. E mesmo tendo conhecimento de que o templo material nos serve como caminho de salvação, enquanto ali nos encontramos com Jesus na vida em comunidade, é preciso aproveitar o tempo propício da quaresma para revisitarmos o nosso coração e observar como ele está preparado para acolher a presença de Jesus que logo mais chegará glorioso e ressuscitado para nós.
Jesus, ao se preocupar com a casa do Pai, mostra uma grande preocupação com aquilo que lhe é precioso, pois Ele tem atenção, cuidado e amor pelas coisas do Pai. A atitude de Jesus é para nós exemplo do que precisamos também observar em nossas vidas. Muitas vezes, para acolhermos uma visita, preparamos a nossa casa, para darmos uma festa, o ambiente. E para a grande festa da ressurreição de Jesus, o que está sendo preparado? O caminho de conversão quaresmal vem neste domingo nos provocar para que possamos preparar o íntimo do nosso coração e assim dar uma digna morada a Jesus.
Ainda nessa dimensão do cuidado, enquanto cristãos e pautados por um compromisso de amor, como nos propõe a Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano, é preciso também incentivar as pessoas a prepararem o seu coração para acolher a figura do Cristo, e talvez uma das tarefas mais difíceis possa ser a abertura ao diálogo. Nossa conversão quaresmal deve perpassar essa dimensão do diálogo entendendo que o gesto da partilha gera conhecimento de tantas outras realidades, de tantas pessoas que sentem a solidão, o desrespeito e que sofrem caladas por não ter quem as possam escutar. O consumir-se por zelo, exemplo que Jesus nos dá no Evangelho, serve também para ser aplicado com os irmãos, uma vez que eles se fazem morada de Jesus.
Que nossa caminha quaresmal, ao chegar no meio de seu itinerário, nos ajude a sermos mais compassivos para com as dores do outro, nos transforme em pessoas mais sensíveis aos sofrimentos dos que nos rodeiam e nos inspire a ouvir mais a voz de Deus que nos pede algo muito simples neste domingo: um lugar no nosso coração, mas não qualquer lugar, e sim um lugar preparado para que, com sua ressurreição, Ele possa também nos ressuscitar do pecado e nos conceder uma vida nova.
Tobias de Oliveira Coelho - II Ano da etapa configurativa (teologia)
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