Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos. (Jo 15, 13).
Deus nunca se engana: somente Ele sabe reconhecer o dia, a hora e a oportunidade para realizar os prodígios indizíveis de sua onipotência; Deus nunca se esquece: por isso Ele recompensa a cada um conforme a obra realizada (Rm 2,6); enfim, Deus nos ama e seu único mandamento é que nos amemos mutuamente conforme a medida do Seu amor. Ora, São Bernardo (séc. XII) já nos havia alertado para a gravidade desse apelo, pois Deus nos ama com um amor sem medida.
De fato, Deus é bom e sua misericórdia se estende de geração em geração sobre os que o temem (Lc 2,50). Jesus Cristo, a imagem visível do Pai, o Verbo que se fez pessoa para habitar entre os homens, confirmou suas ações com sinais tão eloquentes de prodigalidade e benefício que as multidões, cansadas e insatisfeitas pelas violências que lhes eram infligidas, quiseram coroá-lo rei (Jo 6, 14-15). Sim, isso revela que amar a Deus não é tão difícil, mas amar o que Deus ama, suas opções, caminhos e desígnios, nem sempre o é.
Mas o mandamento é claro: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Isto vos mando: amai-vos uns aos outros” (Jo 15, 12b.17). O amor, realmente, é o critério segundo o qual se faz possível reconhecer, na pluralidade por vezes massificadora do mundo, aqueles que seguem o Cristo.
Em um contexto histórico marcado pela globalização da indiferença, pela cultura do descarte e pela ditatura da mediocridade, falar de amor é um exercício laborioso. Amar, sobretudo, se transformou numa virtude hercúlea e, até mesmo, rara. Embora, sim, vivamos uma modernidade líquida, ainda necessitamos de referenciais sólidos, firmes e robustos que nos assegurem a esperança com relação a este mundo.
Dentre esses referenciais, sem dúvida, a figura de São Maximiliano Maria Kolbe desponta no horizonte da fé qual baluarte da justiça e da paz. Raimundo, como foi batizado, nasceu em 1894 na Polônia. Sua família, extremamente católica, foi responsável por confirmar o santo na fé e incentivá-lo a tomar o hábito franciscano, por meio do qual ele assumiu o nome de Maximiliano Maria.
Quando São Maximiliano foi enviado à Roma, ele sentiu o desejo de fundar um movimento de apostolado que ele chamou de “Milícia da Imaculada”, com o objetivo de conquistar todo o mundo para Cristo por meio de Maria. Sua inteligência fina e aguçada permitiu-lhe ser professor, função que ele cumpriu com esmero e ardor missionário.
Durante o grande horror da Segunda Grande Guerra Mundial, com a invasão da Polônia pelos nazistas, o frei Maximiliano foi preso em 1941 e enviado a Varsóvia. Posteriormente, aquele pobre frade foi enviado a Auschwitz, onde evangelizou com a vida e com a morte, pois ali recebeu a coroa do martírio.
Sucedeu que, com a fuga de um prisioneiro, outros dez, como castigo e instrução exemplar, sofreriam a pena de morte. Um deles, porém, caindo em prantos, clamava por sua vida, recorrendo à misericórdia dos carrascos pelo fato de ele ainda ter mulher e filhos. São Maximiliano, movido por aquele amor divino que triunfa sobre a morte, se apresenta ao executor e, decidindo-se pelo martírio, entrega sua vida no lugar daquele homem desconhecido. Ao se identificar, com orgulho, ele disse: “Sou um padre católico”. Após duas semanas de completa desidratação e fome, o santo, para “desocupar” a cela que o prendia neste mundo, mas que ao mesmo tempo lhe garantia a estadia eterna no céu, recebeu uma injeção letal de ácido carbônico em 14 de agosto de 1941. Em 10 de outubro de 1982, São João Paulo II canonizou o santo, seu compatriota.
Sim, “ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15, 13). São Maximiliano entendeu perfeitamente o que significa o amor total, a entrega perfeita, o sacrifício agradável a Deus. Lembremo-nos: Deus nunca se engana, Ele nunca se esquece e nos ama sem medida. Por isso, depositemos n’Ele a nossa esperança e a nossa paz, aprendendo, a partir da vida dos justos, o caminho seguro que nos leva à realização plena da nossa humanidade.
Que São Maximiliano Maria Kolbe rogue por nós.
Rafael R. Barbosa
III ano da etapa discipular
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