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  • Foto do escritorSeminário Nossa Senhora das Dores

Introdução À Campanha da Fraternidade de 2022

Educar é um ato eminentemente humano. Somos renovados quando aprendemos mais sobre a vida e quando percebemos que em nós existe a profunda sede de aprender e ensinar. Educar também é uma ação divina. A Bíblia nos mostra a história de um Deus que educa o povo, caminhando com ele e compreendendo suas fragilidades e o alertando diante dos erros.

É com essa certeza que a Campanha da Fraternidade de 2022 nos convida a refletir sobre a indispensável relação entre fraternidade e educação. Esta relação já foi abordada duas vezes (nos anos de 1982 e 1998) e agora a realidade de nossos dias fez com que o tema educação recebesse destaque mais uma vez.

O mundo, mais precisamente o Brasil, estão diante do desafio de redescobrir caminhos para uma reconstrução global que deve chegar às raízes do modo como pessoas e povos compreendem e organizam a totalidade da vida. Por isso pergunta-nos o Papa Francisco: “O que acontece quando não há fraternidade conscientemente cultivada, quando não há uma vontade política de fraternidade, traduzida em uma educação para a fraternidade, o diálogo, a descoberta da reciprocidade e o enriquecimento mútuo com valores?”

A Campanha da Fraternidade de 2022 está totalmente ligada em uma forte linha de continuidade com os últimos temas propostos, pelo menos desde 2018, quando éramos convidados a encontrar caminhos para a superação da violência, caminhos que passam por políticas públicas (CF 2019), fundados na ética do cuidado (CF 2020), em profunda atitude de diálogo (CF 2021).

Essa é a razão pela qual, em 2022, mais do que abordar um ou outro aspecto da problemática educacional, a Campanha da Fraternidade nos convoca a refletir sobre os fundamentos do ato de educar. A Campanha da Fraternidade nos adverte que mais importante e urgente é a pergunta pelos motivos, pela abrangência e pelas metas de qualquer processo educativo. No entanto, mostra que educar é contribuir para a superação do pecado, preservando a vida, atingindo as consciências e transformando as relações.

A quaresma é o tempo favorável para a conversão do coração. Converter-se é sair do individualismo, romper com a indiferença, vivendo a solidariedade em diálogo e como compromisso de amor. A Campanha da Fraternidade tem como grande objetivo despertar a solidariedade dos fiéis em relação a um problema concreto que envolve a sociedade brasileira, buscando caminhos de solução à luz do evangelho. Ela não se reduz apenas ao tempo quaresmal. Celebrando o amor redentor, a Páscoa de Jesus Cristo deve nos levar, já nesta vida, a passar de um mundo marcado pelo pecado para uma sociedade de irmãos. Em 2022, os bispos do Brasil nos fazem um convite de singular importância: à luz da fé, queremos refletir sobre educação em nosso país, convictos de que ela é indispensável para a construção de um mundo mais justo e fraterno. A realidade da educação nos interpela e exige profunda conversão de todos.

Em 2022, pela terceira vez, a educação volta a ocupar as reflexões da Campanha da Fraternidade, dessa vez impulsionada pelo Pacto Educativo Global. Na carta de convocação e no Instrumento de trabalho, o Papa apresenta alguns elementos de uma educação humanizada que contribua na formação de pessoas abertas, integradas e interligadas, que também sejam capazes de cuidar da casa comum já que “a educação será ineficaz e seus esforços estéreis se não se preocupar também por difundir um novo modelo relativo ao ser humano, à vida, à sociedade e à relação com a natureza”.

Em um tempo marcado pela pandemia e por diversos conflitos é preciso reaprender a amar, a perdoar, cuidar, dialogar e servir a todos. Educar é construir a verdadeira fraternidade alicerçada na justiça e na paz. Isso será possível à medida em que Cristo, que nos liberta do egoísmo, for tudo em todos (I Cor 15,22).

André Lelo - Comunidade Propedêutica São Pio X

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