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  • Foto do escritorSeminário Nossa Senhora das Dores

“O que Deus uniu, o homem não separe!” (Mc 10, 9)



Caríssimos irmãos e irmãos, em comunhão com toda a Igreja somos convidados a celebrar o 27º domingo do tempo comum e a liturgia deste domingo nos convida para refletirmos sobre a família, vocação nos dada por Deus que só pode ser bem vivida se o amor e o respeito se fizerem presentes. Na primeira leitura, retirada do livro do Gênesis, nos é proposto um trecho do relato da criação do homem e da mulher. Ao ver o homem solitário, Deus resolve dar-lhe uma companheira e esta nasce a partir do próprio homem. Isso não significa dominação ou inferioridade mas sim que ambos possuem uma grande e bonita missão: se completarem ao longo da vida. Logo de início já era visto que o casal precisava um do outro. Não era uma simples criação para povoar a terra, mas sim um ordenamento de fatores que proporcionava além de um crescimento físico, também um desenvolvimento na dimensão comunitária. O homem e a mulher são chamados a se fazerem presentes na vida um do outro, a se ajudarem, a constituírem uma única e inviolável união.

Na mesma linhagem do relato de gênesis, São Marcos também propõe o tema da relação familiar em seu relato nos mostrando o episódio que o próprio Cristo é interrogado por uma difícil questão: o divórcio. Na verdade, tal questão vem a toma para realmente tomar um viés polêmico em meio aos que estavam ali reunidos, da mesma forma como hoje ainda causa muita polêmica. Mas Jesus, digno de toda sapiência e exatidão em suas palavras deixa claro que todo esse problema nos vem devido a dureza do coração humano. Os grandes problemas das intrigas, da falta de perdão e do avanço de desentendimentos nas relações matrimoniais é a falta de amor e a dureza do coração. Quando um casal não se vê em harmonia dentro de sua própria casa toda a relação de proximidade se sente comprometida: filhos, pais, emprego, vizinhos, enfim, toda a comunidade sofre, ou pela dureza das ações ou pela impossibilidade de manifestar um gesto de ajuda. Aliás, ainda há situações mais complicadas, porque ao invés de acontecer sinais de harmonia, ainda estão presentes os expectadores que preferem alimentar as situações com elementos desnecessários.

Diante do contexto que a Palavra de Deus nos apresenta, cabe-nos refletir ainda de como está a conduta do nosso coração. Já se foi visto que os problemas familiares nascem na falta de amor, e este amor tem, ou deveria ter, sua morada no coração. Os grandes problemas das relações matrimoniais hoje são decorrentes da falta de amor. Não são os mais belos corais, as mais belas ornamentações, ou ainda as mais belas decorações que revelam o sentimento de um casal que está prestes a formar uma família, mas sim o sentimento primeiro que os levou chegar àquele momento: o amor. É esse sentimento que precisa ser verdadeiro, porque dele vai se surgir o cuidado com o seio familiar, com os filhos, com a comunidade que está o seu redor e até mesmo com o serviço prestado diariamente para garantir o sustento familiar.

Caminhando para o fim, Jesus ainda nos traz um outro ensinamento ao pedir que deixem as crianças irem até Ele: o acolhimento. Mas podemos nos perguntar, o que isso tem a ver com a questão familiar? Esse tema está totalmente ligado à dimensão familiar, uma vez que o amor já falado anteriormente só se manifesta quando homem, mulher, filhos e até mesmo outros mesmos da família se permitem viver a dimensão do acolhimento. É preciso fazer com que os laços familiares se estreitem cada vez mais e assim se acolham para a partilha fraterna em todos os momentos da vida. Se muitas crises matrimoniais existem atualmente, deve-se a fatores e questões mal partilhadas e não resolvidas entre aqueles que estão envolvidos. Busquemos guardar e valorizar a dimensão do amor e da acolhida em nossas vidas, fazendo delas dois alicerces que nos sustentam na superação dos obstáculos. Um lar que se abre a essa vivência fraterna, além de acolher um ao outro, acolhe o próprio Deus e permite que a sua força seja nosso sustento na caminhada. Que a Sagrada Família de Nazaré seja nosso modelo de amor e acolhida.


Tobias de Oliveira Coelho - 2º ano da Etapa Configurativa (Teologia)

Arte: Adão e Eva - Macha Chmakoff

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